domingo, 30 de maio de 2010

Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC)
Por Verônica Roger
CRP 05/20049

O transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), caracteriza-se por um quadro que, em psicopatologia, apresenta uma sintomatologia bastante clara e evidente. Os sintomas do TOC envolvem alterações de comportamento: mania de limpeza, abrir e fechar uma porta de forma repetitiva, não pisar em quadrados, conferir, contar ou reordenar minuciosamente objetos, etc; alterações do pensamento: idéias rígidas e persistentes de conteúdo sexual, de morte, de contaminação, de doenças, etc.; e alterações das emoções: depressão, raiva, dificuldades sexuais, perturbações da percepção.
Provavelmente, concorrem vários fatores para o seu aparecimento. Do ponto de vista biológico, existiria alguma conexão entre o TOC e aspectos genéticos. Do ponto de vista psicanalítico, crê-se que este transtorno pode se originar de uma dinâmica familiar infantil rígida ou estressante. Na verdade, não há nada de conclusivo em relação ao que leva um sujeito a desenvolver estes sintomas e outros, não.
Geralmente, o TOC é identificado pelo próprio paciente, pelo mal-estar que as formas ritualísticas de agir e o comportamento metódico provocam. No entanto, como a própria pessoa reconhece que seus pensamentos ou atos não possuem sentido, ela procura disfarçar tais manifestações, evitando falar sobre o assunto ou relutando em procurar auxílio profissional. Sendo assim, o TOC pode avançar de modo quase que imperceptível para as pessoas que convivem com quem apresenta este quadro.
Em geral, os sintomas evoluem com períodos de melhora e piora, até um determinado ponto em que se tornam insuportáveis para o paciente, fazendo com que este acabe por procurar ajuda especializada.
O tratamento psicanalítico possibilita a diminuição do comportamento obsessivo compulsivo. Dependendo da gravidade dos sintomas, o tratamento medicamentoso é também recomendável, já que a associação dessas intervenções tem se mostrado eficaz no controle da depressão e da ansiedade, que inevitavelmente surgem nestes tipos de paciente.
Vale lembrar que quanto mais cedo se procura ajuda profissional, maiores são as possibilidades do paciente seguir com uma vida satisfatória e mais promissor será o prognóstico.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

A diferença entre a Psiquiatria, a Psicoterapia e a Psicanálise

Por Verônica Roger

CRP 05/20049

O termo “psi”, muito utilizado pelas pessoas, muitas vezes pode ser permeado de confusão quanto aos significados, principalmente quando se refere aos profissionais indicados por este termo: psiquiatra, psicólogo ou psicanalista. De certa forma, esta confusão acontece, porque muitas vezes alguns profissionais fazem coisas diferentes sob o título de psicoterapia. Mas, qual a diferença, então?

Quando falamos em médico psiquiatra, estamos falando de um profissional da medicina, que após ter concluído a sua formação, optou pela especialização em psiquiatria, tendo por objetivo tratar do psiquismo das pessoas, ou seja, das doenças mentais.

No tratamento psiquiátrico, o médico parte de um princípio geral (o que se entende que seja, por exemplo, o conceito-padrão em saúde), e a partir deste princípio ele pode avaliar a que distância uma pessoa está ou não do padrão de normalidade. Além dos recursos psicoterapêuticos, também podem ser utilizados recursos farmacológicos, na tentativa de adequar o paciente a este ponto pré-estabelecido, dado como padrão de normalidade.

O psicólogo é uma pessoa que tem formação em Psicologia. O curso tem duração de 5 anos e após este período, o profissional pode atuar no campo da psicologia clínica, escolar e social, entre outras. A Psicologia atua tentando entender o comportamento humano.

O método psicanalítico pode ser diferenciado das especialidades anteriores da seguinte maneira: O psicanalista busca comprometer o sujeito no seu sofrimento. Ou seja, o tratamento baseia-se no pressuposto que a pessoa só pode mudar alguma coisa em sua vida, se ela se der conta da sua participação naquilo de que se queixa.

O psicanalista não dirige o paciente, mas o tratamento. Ele se coloca na posição de querer saber do sujeito o que o próprio sujeito já sabe sobre si mesmo, sem mesmo dar-se conta de que sabe, não permitindo que o sujeito desista de si mesmo.

Assim, através de uma escuta diferenciada, as potencialidades de conquista são amplificadas, possibilitando que as experiências de vida tenham cada vez mais sentido para cada um.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Psicanálise com autistas: “uma aposta antecipatória”

Por Verônica Roger
CRP 05/20049

A temática deste artigo surgiu a partir da minha experiência clínica e de discussões que são fundamentais para se pensar certas questões sobre o autismo e sua abordagem clínica. A partir do quadro descritivo que apresenta um diagnóstico de autismo, o que poderíamos dizer da criança que nos é encaminhada para tratamento e como este tratamento poderia se dar?

O psiquiatra Leo Kanner foi o primeiro a descrever, em 1943, determinadas crianças dentro da categoria a que denominou autismo. Ele coloca que o autista, desde o início, desdenha, ignora e exclui o que lhe vem de fora e que esta é uma patologia em que há uma incapacidade da criança em estabelecer, precocemente, relações e reagir normalmente às pessoas e situações.

É comum também, ouvirmos falar que o autismo é uma patologia da subjetivação. Será que a rigor, todas as patologias não diriam respeito à subjetivação? Toda criança já nasce sujeito ou ela nasce um pedaço de carne e se torna um sujeito? Ao que estamos nos referindo quando falamos em subjetivação, em sujeito?

A criança, ao vir ao mundo, não está pronta e não sobrevive sozinha. É necessário uma outra pessoa que garanta sua sobrevivência e, a partir desta relação, ela poderá se constituir como sujeito. Será então, que o paciente autista é oco? Ou será que a presença do não-ser pode ser considerado algo?

Em Melanie Klein, partimos do pressuposto de um ego já existente, embora incipiente. Com a posição autista-contígua, podemos pensar no momento fundador da possibilidade de dentro e fora, de poder conter e expelir, o momento originário da pele-envelope que vai permitir, ao mesmo tempo, a troca e o isolamento, a intrusão e o evitamento. Estas são as condições mínimas para podermos nos lançar nas trilhas da subjetivação.

Se o material trazido por cada paciente, independente da patologia que apresente, é singular e se o tratamento deste material também o é, com o paciente autista isto se agudiza. A cada momento, as hipóteses vão se construindo e se modificando, com se estivéssemos construindo um edifício cuja construção não seguiria nenhum tipo de projeto estabelecido. Um projeto que se aperfeiçoa momento a momento, de uma forma mais intensa do que com qualquer outro tipo de paciente.

No tratamento com o paciente autista, onde ninguém consegue ver coisa alguma, é preciso insistir em ver uma criança. É preciso ver algo que “ainda não é”, como “já sendo”.

A “aposta antecipatória” do analista impõe a opção pela presença do sujeito e de que o tratamento não exclui a responsabilidade ética que vai fazer com que o encontro entre opsicanalista e o paciente possibilite o caminhar possível em busca de um lugar para o sujeito autista no mundo.

Psicanálise de crianças: de que se trata?

Por Verônica Roger
CRP 05/20049

Uma alta porcentagem de consultas psicológicas com crianças é motivada, ao que parece, quando estas apresentam alguma dificuldade que atrapalha o seu desenvolvimento. Muitas vezes, são dificuldades que os pais ou a escola não sabem como resolver. As queixas mais comuns são as dificuldades escolares, que vão desde a troca de letras, até a repetência e a hiperatividade.

No entanto, se existem dificuldades escolares de origem puramente pedagógica, também não deixa de ser verdade que estas queixas encobrem outras que, à medida que o trabalho vai sendo realizado, vão sendo faladas. A situação particular da análise de uma criança implica em escutar seu discurso. É através das entrevistas com a criança e de um interrogatório dos pais, que se torna possível um exame diagnóstico elaborado e trazido pela família.

É não entendendo ao pé da letra o pedido dos pais, que o psicanalista permitirá que a porta se entreabra para entender qual a posição da criança na família, como está o casal parental, o que esperam desse filho e como ele responde a isso.

A cada sessão, uma questão se faz presente: Que há de não comunicável em palavras? Que há que se imobiliza, que se fixa num sintoma? É o que os outros discursos deixam de fora que a Psicanálise quer investigar, por isso trabalhamos com sonhos, atos falhos e esquecimentos.

No atendimento à crianças, embora sejam utilizados jogos e desenhos, temos claro que uma criança fala, independentemente da sua idade. Por estar inserida no campo da linguagem, pode ser aprisionada pela palavra e é também pela palavra que pode se curar.

Mas como pais ou professores podem identificar que precisam procurar atendimento psicanalítico para o filho ou aluno? Toda vez que observarem que algo não anda bem: crianças muito agressivas, com dificuldades de aprendizagem, que vivem constantemente doentes, que não falam ou demoram muito a falar, etc.

Em nossos dias, muitos pais colocam sua falta de tempo para descobrir o que acontece com seus filhos, assim como muitos professores não escutam seus alunos. A família acredita que os remédios receitados por psiquiatras são uma solução rápida e eficiente para que a criança comporte-se “bem”, aliviando-os do sofrimento que enfrentam com suas crianças.

Porém, muitos adultos com problemas que apresentaram alguns sintomas na infância, talvez fossem adultos saudáveis e felizes se tivessem sido escutados por seus pais, professores ou psiquiatras. É preciso dar importância, acreditar e tratar a fim de descobrir o que vai mal.

Psicanálise de crianças: de que se trata, então? Trata-se de escutar e descobrir o que a criança está nos dizendo através dos seus sintomas, pois o que acontece com cada um tem a ver com a posição que o sujeito ocupa no discurso familiar.

É acreditando que o sujeito é responsável por seus atos, que a Psicanálise trata, buscando possibilitar ao paciente organizar seu discurso, seja qual for o sintoma que apresente. Através de um discurso que pode ser modificado, a criança pode modificar também a sua vida e apresentar-se de outra forma diante do mundo.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Palestra para professores

No dia 17/04 realizamos o ciclo de palestras "Dificuldade de aprendizagem, Hiperatividade, Agressividade na escola: uma abordagem multisciplinar", no Social Ramos Club.








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segunda-feira, 3 de maio de 2010

Dislexia



A complexidade do entendimento do que é Dislexia, está diretamente vinculada ao entendimento do ser humano: de quem somos, do que é memória e pensamento - pensamento e linguagem, de como aprendemos e do porque podemos encontrar facilidades até geniais mescladas de dificuldades até básicas em nosso processo individual de aprendizado.

Recentemente, porém, no entrelaçamento de descobertas realizadas por diferentes áreas relacionadas aos campos da Educação e Saúde, foram surgindo respostas importantes e conclusivas como:





- Que a Dislexia tem base neurológica, e que existe uma incidência expressiva de fator genético em suas causas, transmitido por um gene de uma pequena ramificação do cromossomo # 6 que por ser dominante, torna a Dislexia altamente hereditária, o que justifica que se repita nas mesma família.

Dislexia é a causa ainda ignorada de evasão escolar em nosso país, e uma das causas do chamado "analfabetismo funcional" que por permanercer e, volta do desconhecimento, da desinformação ou na informação imprecisa, não é considerada como desencadente de insucessos no aprendizado.

Dislexia é uma específica dificuldade de aprendizado da linguagem: em leitura, soletração, escrita, em linguagem expressiva ou receptiva, em razão e cálculo matemática, como na linguagem corporal e social.

Dislexia, antes de qualquer definição é um jeito de ser e de aprender; reflete a expressão individual de uma mente, muitas vezes arguta e até genial, mas que aprende de maneira diferente.

Simone Barros

Psicopedagoga/Fonoaudióloga

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